IA no mercado de trabalho: perspectivas e desafios 2025

Queira ou não, a IA está presente em nossas vidas pessoais e profissionais. O mercado de trabalho está em constante transformação pelo uso de inteligência artificial, com novas oportunidades surgindo enquanto algumas funções são substituídas.

Apresento aqui os últimos estudos sobre o impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho brasileiro. Entenda como ela pode nos ajudar e quais são as ações que devemos tomar para nos proteger. Partimos do que dizem os dados e os especialistas.

IA e aumento da produtividade no trabalho

Setores com maior exposição à IA registraram um aumento de 4,8 vezes na produtividade do trabalho. Isso é o que revela um estudo da PwC de 2024, que analisou meio bilhão de anúncios de emprego em 15 países, incluindo o Brasil.

Um estudo da OIT de 2024, que analisou 20.000 tarefas de 873 ocupações, estimou que 12,9% dos empregos no Brasil podem experimentar aumento de produtividade com a adoção da IA generativa.

Esse número é baixo, mas realista, porque o uso de inteligência artificial no país anda de mãos dadas com a desigualdade: está limitado aos setores urbanos, educacionais e formais, e beneficia trabalhadores com maior nível educacional e renda.

Como é a percepção de profissionais brasileiros?

Pesquisas que entrevistam profissionais trazem dados mais significativos:

• 90% dos profissionais brasileiros entrevistados no estudo da Read AI de 2025 disseram que a IA melhorará sua eficácia no trabalho.
• Para 71% dos CEOs do Brasil, a inteligência artificial generativa deve aumentar a eficiência do tempo de trabalho de seus funcionários, de acordo com a pesquisa CEO de 2024 da PwC.

Esses são os benefícios da IA no mercado de trabalho, que aumenta a produtividade humana sem substituir o trabalhador. Mas então, quais são os dados que tememos?

Empregos em risco devido à inteligência artificial

No Brasil, a estimativa de substituição de empregos pela IA é de 2,38%, segundo o estudo da OIT. Essa é a porcentagem de empregos no país que estão em risco de automação total devido às capacidades atuais da IA generativa.

Apesar desse número ser aparentemente baixo, não deve ser minimizado, pois representa a vida e o sustento de muitas pessoas que estão em risco.

Além disso, o mesmo estudo diz que 21,58% dos empregos no Brasil podem ou não ser afetados pela IA. Essa é a categoria que eles chamam de “grande incógnita”, pois ainda falta evidência empírica ou maturidade tecnológica para prever os impactos da IA generativa.

Nesses casos, pode haver tanto automação quanto valorização do trabalho humano. Como exemplo nessa categoria estão tarefas criativas, éticas e sociais, além de tomadas de decisão complexas em ambientes imprevisíveis.

Como é a percepção dos trabalhadores?

Costumamos ser mais pessimistas do que as evidências trazem. Veja o que os trabalhadores imaginam:

• 76,6% dos trabalhadores brasileiros acreditam que a IA substituirá seus empregos, segundo estudo da Page Interim.

• Quase um terço dos CEOs no Brasil preveem reduzir o número de funcionários em 5% ou mais por causa da IA generativa. As indústrias mais afetadas seriam mídia e entretenimento (32%), seguros (28%), bancos e mercados de capitais (28%) e serviços profissionais (25%).
• Funcionários que utilizam ferramentas de IA são frequentemente vistos como menos competentes, menos independentes e mais preguiçosos pelos colegas, segundo estudo de 2025 da Universidade de Duke.

O entendimento dos impactos negativos da IA no mercado de trabalho nos leva a discutir os desafios dessa tecnologia em nosso país.

Os desafios da inteligência artificial no mercado de trabalho

Quando falamos em dificuldades a serem superadas no uso da inteligência artificial para o trabalho, três tipos de desafios se destacam: cibersegurança, qualificação dos profissionais e desigualdade social.

Ameaça à cibersegurança

Para evitar riscos de vazamento de informações confidenciais, as empresas têm que criar controles internos rigorosos para a privacidade de dados, no que diz respeito ao treinamento de modelos de IA.

Além de bem fundada, essa preocupação é comum. 63% dos CEOs do Brasil concorda que a IA vai acelerar a disseminação de desinformação.

Falta de profissionais qualificados

O Brasil precisa formar uma grande quantidade de profissionais qualificados em áreas como Machine Learning e Ciência de Dados. Não só, mas falta incluir educação sobre IA no ensino fundamental, onde ainda se ensina pouco sobre pensamento computacional.

Conforme estudo da PwC de 2025, para 41% dos executivos, os principais desafios no uso de IA generativa são em relação à força de trabalho, como treinamento, cultura ou mudanças na forma de trabalhar.

Aumento das desigualdades sociais

O estudo da OIT destaca que mulheres e trabalhadores jovens em setores formais enfrentam maior risco de substituição por IA generativa, o que pode agravar as desigualdades econômicas existentes no país.

Esse estudo também ressalta uma barreira significativa ao uso generalizado de IA no Brasil: quase metade dos empregos que poderiam se beneficiar da inteligência artificial são prejudicados pela falta de acesso a tecnologias digitais e infraestrutura adequada.

Sim, a falta de computador e acesso à internet é uma realidade de grande parte do país.

Um estudo da Cetic aponta a preocupação com a ampliação das desigualdades, caso políticas públicas não acompanhem o ritmo da inovação tecnológica.

O que nossos líderes devem fazer?

Precisamos de políticas públicas que:

• Foquem em requalificação profissional;
• Promovam inclusão digital;
• Reduzam as desigualdades de gênero e acesso à tecnologia; 
• Fortaleçam os sistemas de proteção social.

O investimento em infraestrutura digital é a base para favorecer o acesso da população à tecnologia. Como diz um estudo publicado na Acertte, com políticas públicas eficazes de inclusão e capacitação, a IA pode impulsionar o desenvolvimento socioeconômico do país.

O que você, trabalhador, deve fazer?

Os profissionais precisam de requalificação e adaptação à nova realidade de trabalho para acompanharem as mudanças trazidas pela inteligência artificial. Desenvolva competências para a era da IA, como:

• Engenharia de prompt;
• Conhecimento de ferramentas de IA generativa;
• Criação de conteúdo com auxílio de IA;
• Machine Learning;
• Ciência de dados e estatística;
• Programação;
• Processamento de linguagem natural;
• Cibersegurança e ética em IA.

Segundo o professor Evandro Eduardo Seron Ruiz, da USP, o primeiro passo para os trabalhadores é a alfabetização digital, dominando ferramentas e plataformas online. Mas, além disso, aponta o professor, precisamos ter adaptabilidade e flexibilidade para lidar com as mudanças e novas tecnologias.

Veja mais exemplos de qualidades de um trabalhador valorizadas nessa era:

• Pensamento crítico e analítico;
• Resolução de problemas complexos;
• Comunicação eficaz;
• Criatividade;
• Ética e responsabilidade social;
• Colaboração interdisciplinar.

Adapte-se, pois funções expostas à IA estão mudando as competências exigidas 25% mais rápido do que em funções menos expostas à IA, segundo o estudo da PwC.

Por que vale a pena você investir nisso?

Empregadores brasileiros estão dispostos a pagar pelo menos 46% a mais para contratar profissionais com habilidades em IA, segundo pesquisa da Access Partnership.

77% dos CEOs no Brasil acreditam que a IA generativa exigirá que a maior parte de sua força de trabalho desenvolva novas competências nos próximos três anos, segundo a pesquisa CEO da PwC.

Apenas 31% dos trabalhadores brasileiros recebem treinamento formal em IA no ambiente de trabalho, segundo a pesquisa da Read AI.

O que ter em mente sobre IA no mercado de trabalho

O cenário mais provável é que você precise aprender a trabalhar com a inteligência artificial. Encare-a como uma ferramenta que pode aumentar sua produtividade, em vez de substituir suas funções.

Não podemos esquecer que, em meio aos desafios, a IA também está gerando novas profissões. Alguns exemplos são: 

• Especialistas em automação, análise de dados, Machine Learning, desenvolvimento e manutenção de sistemas de IA; 
• Gerentes ou consultores de ética de dados; 
• Engenheiro de prompt; 
• Designer de experiência com IA; 
• Auditor de algoritmos;
• Educador em IA;
• Curador de dados.

Encare novos desafios profissionais, mantendo-se atualizado nas novas exigências do mercado. Evolua com a tecnologia para fazer parte desse mundo.

Obrigada pela leitura! Espero que este artigo tenha esclarecido a situação atual da IA no mercado de trabalho brasileiro.

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